Nietzsche na Itália – OUTONO DE 1876. Friedrich Nietzsche, um jovem professor de filologia da Basileia, parte para Sorrento, em Nápoles, no sul da Itália, convidado por sua amiga Malwida von Meysenbug. É a primeira viagem de Nietzsche à região, e o impacto dessa temporada é decisivo: a força vital mediterrânea é uma descoberta que vai mudar sua vida e o rumo de sua filosofia.
Em Sorrento, o autor de obras fundamentais como “A Gaia Ciência”, “Assim Falou Zaratustra” e “Ecce Homo” – que influenciaram e seguem influenciando correntes intelectuais, políticas e artísticas as mais diversas – abandona a ideia de renovar a cultura alemã seguindo a causa wagneriana, que defendera em “O Nascimento da Tragédia”. Começa a sua transformação.
Especialista na obra do filosofo alemão, Paolo D’Iorio refaz em “Nietzsche na Itália” o mapa dessa metamorfose e conduz o leitor por uma iluminadora jornada de leituras, discussões, caminhadas e explorações da região levadas a cabo pelo filósofo com o amigo Paul Rée e o estudante Albert Brenner.
A luz, a paisagem e a sociabilidade alegre, sensual e confiante que encontra no sul – em oposição às “almas grosseiras e artificiais que reinam” no norte – fertilizam o poder criativo de Nietzsche. Em Sorrento ele começa a escrever “Humano, Demasiado Humano”, uma exaltação aos espíritos livres que inaugura sua filosofia da maturidade, e também lá ele adota o aforismo como forma.
Depois dessa viagem, Nietzsche irá abandonar sua carreira de professor na Basileia para começar uma vida de filósofo livre, sempre em contato com a força solar do sul, vivendo entre Suíça, França e Itália.
Com Grande Habilidade, Paolo D’Iorio consegue a proeza de oferecer ao leitor um livro que é, ao mesmo tempo, relato de viagem, biografia e um mergulho acessível na filosofia daquele que foi, e continua sendo, um dos maiores pensadores de todos os tempos.