Na Contribuição à crítica da Economia Política Marx estuda a mercadoria e o dinheiro ou a circulação simples, desenvolvendo de modo sistemático e completo sua teoria do valor e sua teoria monetária. É uma das fontes mais importantes – a outra é O capital – para o estudo do seu pensamento econômico. A ampla bibliografia estudada por Marx mostra muito bem quais sãos as proporções de sua ligação com a Escola Clássica da economia. Verifica-se que principalmente aquela velha representação de Marx como um simples prolongamento de Ricardo não tem nenhuma consistência. Devemos considerar que Marx recebeu a herança que a economia política poderia dar-lhe no século 19, após uma longa evolução que começa no mercantilismo e culmina nos trabalhos de Adam Smith e de toda a Escola Clássica. Esta também era um produto direto da época que mais o interessava, motivo por que eu maior atenção aos seus representantes, à sua crítica e ao seu desenvolvimento. O estudo que Marx faz sobre o desenvolvimento dialético das formas do valor n’O capital, que vai da forma simples à forma dinheiro, é muito mais amplo e mais satisfatório que o da Contribuição.
No entanto, no que se refere às categorias relativas ao trabalho (trabalho abstrato, útil, privado e social) e à sua relação com o valor, com o valor de uso e com a riqueza, o da Contribuição é mais aprofundado. É a teoria do valor (a teoria do capital e da mais-valia, da exploração e do fetichismo, da desmaterialização da riqueza capitalista da teoria da tendência decrescente da taxa de lucro) que nos permite entender a economia capitalista em suas determinações mais gerais: que a contradição principal da atual fase capitalista é a que existe entre a produção e a apropriação da mais-valia, do excedente econômico em valor; que a atual expansão do capital especulativo e parasitário é a manifestação e o agravamento dessa contradição; que essa fase capitalista sobrevive sobre a base da intensificação da exploração do trabalho. A teoria do valor de Marx permite entender que essa fase capitalista não é eterna e que não poderá sobreviver por muito tempo mais.
No “Prefácio”, Marx apresenta, de um ponto de vista abstrato, sua concepção sobre o desenvolvimento histórico, a concepção dialética e materialista sobre a história da humanidade.