‘Aos meus amigos’ tem como tema central um dos principais da literatura de todos os tempos – a amizade.
A amizade, porém, se aqui rima com ‘fraternidade e solidariedade’, não rima necessariamente com felicidade. A história do romance, baseada em fatos reais da vida da autora, se articula em torno de um leito de morte. Na verdade, de um leito de suicídio, o do escritor e publicitário Leo (inspirado em Décio Bar, amigo da escritora, a quem o romance é dedicado). É o seu suicídio que, no agitado ano de 1989, mobilizará a retomada da ‘velha turma’, que vivera intensamente os ideais da esquerda nos anos da ditadura militar brasileira (1964-1985). Um reencontro feito também de desencontros, inclusive políticos. Após o suicídio de Leo, seus amigos reúnem-se para velar o corpo e tentar manter viva sua memória, enquanto procuram os originais de um livro que teria deixado. Romance ágil, grandemente baseado em diálogos, mais do que em descrições, os fatos e personagens são, então, construídos e reconstruídos por referências e reminiscências, como nas conversas reais. É a palavra falada, enfim, que reina no romance, assim como na vida.
— Lu? É a Bia. Tou ligando pra você pra te dar uma notícia muito triste…
— Alô?
— …
— Bia? (Será que a linha caiu?)
— Não…
— O que pe que está accontecendo?
— Eu não consigo parar de chorar!
— Pelo amor de Deus! quer me dizer de uma vez o que foi que aconteceu?
— O Leo morreu.
Assim começa o livro, que conta a história do reencontro de uma turma de antigos amigos. Passado e presente se misturam em cada diálogo, mostrando que viver é, no fundo, fazer escolhas.
O livro inspirou a minissérie Queridos Amigos, exibida em 2008 na TV Globo.