De norte a sul, uma Itália cruel e real já não consegue se esconder Não é de hoje que se ouve falar na ‘ndrangheta, a poderosa máfia calabresa e uma das maiores organizações criminosas do mundo. Mas o que existe por trás dela? O de sempre – alguns poderiam pensar –, um bando de corruptos e corruptores que se misturam e planejam suas próximas trapaças. Porém, ao nos aprofundarmos nos detalhes que cercam a vida dos mafiosos italianos, é possível descobrir que existe muito, muito mais… Há, por exemplo, o foragido da justiça na Venezuela que comercializa votos e petróleo com um proeminente senador e que compra ações da Petrobras com uma corretora no Vaticano, que, por sua vez, costuma se encontrar com o capelão do papa João Paulo II. Há a organização sem fins lucrativos de um padre nigeriano que negocia remédios em nome dos chefões. Há os chineses que, além de contrabandistas de calçados e roupas, são amigos dos templários maçons, que lavam milhões para a ‘ndrangheta através de fundações “humanistas”. Todas tramas que, de uma forma ou de outra, passam por Piana di Gioia Tauro e o seu porto, uma encruzilhada de meio século de história republicana, desde Andreotti até Berlusconi, de conspirações da maçonaria, verbas desviadas, empresários corruptos. Meio século de história dos Piromalli, a família que – em meio a homicídios e tragédias – transformou a velha ‘ndrangheta num poder paralelo, no qual tudo é duvidoso e indefinido.