John Russell, o poderoso duque de Bedford, está definitivamente muito longe de sua zona de conforto.
Obrigado a viajar às pressas para a América do Sul, numa missão quase impossível de tentar resgatar a honra da irmã — uma jovem desmiolada, em fuga com um aventureiro qualquer —, John só consegue pensar no quão exasperante é tudo aquilo, a começar por aquele idioma terrível do qual ele não compreende uma palavra sequer.
Ao desembarcar no porto, em Salvador, eis que surge o primeiro infortúnio daquela que será uma missão para testar os limites de um homem sensato: uma tentativa atrevida de furtá-lo.
O duque só não esperava que tal evento desagradável com o pequeno trombadinha, faria seu caminho se cruzar ao da bela e misteriosa Felícia.
Disfarçada sob trapos masculinos, mas com modos refinados de uma perfeita dama inglesa, ela é um verdadeiro enigma para ele. Um que, por uma cartada do destino, também fala a língua local, e, com toda a certeza, será de grande utilidade.
Este é o início de uma linda jornada para se descobrir, enfrentar o passado e, principalmente, se apaixonar.
* * *
— Tenho uma condição.
— Ficaria desapontado se não tivesse, Srta. Felícia — provocou ele, suavemente.
— Meu irmão. Ele irá com a gente.
John sorriu, detido nela.
— Pensei que esta parte já estivesse subentendida.
Notou que ela aprovou o que disse.
— Ele é um bom menino. — Felícia parecia sentir necessidade de assegurar. — Aquele episódio, no porto, foi um ato isolado. Enquanto eu trabalho, ele fica um pouco ocioso e acaba observando certas coisas, conversando com certas pessoas e… o senhor sabe, aprendendo o que não deve.
— Então está me dizendo que ele não é um diabinho batedor de carteira?
Felícia entrou na brincadeira, falando em tom solene:
— Apenas de nobres esnobes cujo o oxigênio depende deles para sobreviver, eu lhe asseguro.
O duque teve de rir, alto, um som trovejante.
Os últimos dez minutos ao lado dela estavam sendo mais interessantes do que os últimos dez meses de sua vida.