Nesta obra coletiva, organizada por João Roberto Martins Filho, reúne-se um conjunto de textos que procuram entender as raízes, o significado e as perspectivas da participação castrense na crise brasileira. Os autores, originários da Ciência Política, da História, da Antropologia, da Sociologia e da Filosofia, bem como do jornalismo e da própria profissão militar, traçam um quadro que ajuda a entender o papel dos fardados no governo de Jair Bolsonaro, ele mesmo um capitão, dono de uma fé de ofício pobre, reprovável, brutal e curta.
Segundo Manuel Domingos Neto, “desde 2016, as atitudes dos oficiais contrariaram as expectativas alimentadas pelo mundo político e pelos acadêmicos”. Por que tantos generais se dispuseram a patrocinar a elevação a comandante em chefe das Forças Armadas do pequeno oficial ambicioso e indisciplinado dos anos 1980, que saiu do Exército pela porta dos fundos? Por que se empenharam em influir diretamente na crise política? Por que militaram ativamente na campanha eleitoral? E por que concordaram de bom grado em ocupar os postos políticos chaves do novo governo, apesar dos riscos de politização dos quartéis e desprestígio junto à sociedade? Por que aceitam ser cúmplices de um presidente como Bolsonaro?
Para responder a essas questões, desaparecem os assuntos típicos da análise das políticas de Defesa numa democracia e vêm à luz novos e velhos temas relacionados aos perigos da presença das Forças Armadas no poder. A pluralidade é a marca das análises presentes nesta coleção de textos. Não se trata de obra de ocasião; seus textos vieram para ficar. É a resposta ágil e oportuna de um grupo de especialistas independentes e críticos ao desafio de entender a crucial participação castrense na crise brasileira.