O Livro de Enoque foi citado na Epístola de Barnabé (16: 4) e por muitos dos primeiros pais da Igreja, como Atenágoras, Clemente de Alexandria, Irineu e Tertuliano. Podemos citar uma semelhança entre a descrição da “morada dos mortos”, apresentada no capítulo 22 do Primeiro livro de Enoque, com a parábola do homem rico e Lázaro, contada por Jesus em Lucas, capítulo 16, nos versos 19 a 31. No entanto, enquanto a descrição do livro de Lucas traz uma separação entre o “seio de Abraão” (onde estão as almas dos justos) e o hades (aonde se encontram as almas dos ímpios), a descrição do Primeiro livro de Enoque sobre a morada dos mortos traz quatro cavernas criadas para abrigar as almas daqueles que morreram, havendo uma caverna dedicada às almas dos justos (aonde jorra um fonte de águas límpidas), e três cavernas separadas a três grupos de ímpios: pecadores que não sofreram sentenças em vida; queixosos que reivindicavam justiça por ter morrido nos dias dos pecadores; e homens que não foram justos, mas pecadores e cúmplices dos perversos. No Diálogo com Trifão, de Justino Mártir (100-165), Justino é claramente influenciado pelo livro, mas o judeu Trifão se opõe a essa tradição. Júlio Africano (200-245) foi um cristão a contestar a tradicional versão do Primeiro livro de Enoque. Conforme Elizabeth Clare Prophet (2002), foi o rabino Simeon ben Yohai (120?-170?) quem colocou os judeus contra o Primeiro livro de Enoque, o que permitiu à Santo Agostinho observar que a obra deixou de fazer parte das Escrituras aprovadas pelos judeus. Apesar de ser considerado um livro apócrifo, é uma leitura recomendada, pelo simples fato de Enoque ter sido contemporâneo de Noé, uma época cheia de significados para todos os cristãos.
O livro de Enoque versao etiope com notas – Andy McCracken e Carlos B. Fagundes
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