Renata Corrêa nos apresenta nove personagens trabalhadoras, equivocadas, elitistas, assassinas, fúteis. Dança com as palavras em um misto de personalidades multidimensionais em suas simples existências. Renata transforma temas cotidianos e dramas psicológicos que são dela, seus, meus; provocando identificação, solidariedade, carinho, raiva, surpresa… Sentimentos intensos, como os narrados em “A memória da puta”, que conta, quando criança, não se contentar em imaginar ser princesa, bruxa, príncipe, sapo. Gostou mesmo de se imaginar cavalo; de ser cavalo. Fortemente sarcástico, divertido e angustiante.
Foi um amor violento. Coisa de se apaixonar em um quarto de hora de nudez, mesmo pra ela, que tinha o hábito de tirar a roupa todinha e ainda assim deixar a alma fechada numa burca. Falaram sobre tudo, criaram teorias místicas para o fato de estarem ali, juntos, os dois. Ela não contou nenhuma verdade factual, mas contou daquelas verdades que a poucos contamos, a verdade sobre o que sinceramente achamos de nós mesmos. E o amou. E teve medo dele, pois percebeu que por ver as coisas de forma franca e simples, ele era impossível de ser ludibriado. Daquelas pessoas por quem a mentira passa reto, sem colar.
