Aldous Huxley (1894-1963) é um dos mais importantes escritores do século XX e entrou definitivamente no cânone literário com seu famoso romance Admirável mundo novo, publicado pela primeira vez em 1932. Mas ele também ficou conhecido por sua preocupação com as questões urgentes de seu tempo. Assumidamente pacifista, seus argumentos a respeito da guerra e suas consequências não raro foram debatidos em seus livros.
É o caso de Sem olhos em Gaza, sexto romance do autor, publicado pela primeira vez em 1936. Essa obra apresenta o desenvolvimento emocional e intelectual de Anthony Beavis, cujos privilégios, os quais ele mesmo reconhece, permitiram-lhe que dedicasse a vida ao pensamento e aos prazeres mundanos. Mas esse egoísmo hedonista de que gozava transforma-se em pacifismo e empatia depois do contato com Miller, médico e antropólogo que Anthony conheceu no México, da mesma forma como foram impactantes em sua transformação as tragédias e os remorsos com que teve de lidar durante a vida.
Construído de maneira não cronológica, o romance intercala cenas de diversas fases da vida de Beavis a trechos de seu diário, em que ficam registradas as mudanças de suas concepções filosóficas e políticas. A forma fragmentada, descontínua, escolhida pelo autor deixa ainda mais claro o peso que o passado tem sobre o presente. Essa estrutura também evidencia as discrepâncias entre o idealizado e o vivido, entre o escrito e o experimentado.
Sem olhos em Gaza é o sexto romance de Aldous Huxley e seu relançamento faz parte do projeto da Biblioteca Azul de reeditar sua obra no Brasil.