Assim, pois, a unidade do Terceiro Mundo não está feita: é uma empresa em vias de realizar-se, que se há-de dar, em cada país, antes ou depois da independência, pela união de todos os colonizados debaixo do mando da classe campesina.
Isto é o que Fanon explica aos seus irmãos da África, da Ásia, da América Latina: realizaremos todos juntos e em qualquer parte o socialismo revolucionário ou seremos derrotados um a um pelos nossos antigos tiranos. Não oculta nada, nem as fraquezas, nem as discórdias, nem as mistificações. Aqui, o movimento tem um mau começo; acolá, depois de brilhantes êxitos, perde velocidade, noutro lado detém-se; se se quer agarrar será necessário que os camponeses lancem ao mar a sua burguesia. O leitor é seriamente avisado contra as alienações mais perigosas: o dirigente, o culto da personalidade, a cultura ocidental e, igualmente, o regresso ao passado da cultura africana: a verdadeira cultura é a Revolução, o que quer dizer que ela se forja vivamente. Fanon fala em voz alta; nós, os europeus, podemos escutá-lo: a prova é que têm este livro em vossas mãos; não teme que as potências coloniais tirem proveito da sua sinceridade? Não. Não teme nada. Os nossos procedimentos estão antiquados: pode demorar ocasionalmente a emancipação, mas não a deterão nunca. E não devemos pensar na modificação dos nossos métodos: o neo-colonialismo, esse sonho indolente das metrópoles, não é mais do que ar; as «Terceiras Forças» não existem ou são formadas pelas bourgeoisies-bidons que o colonialismo colocou no poder.
Os Condenados da Terra – Frantz Fanon
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