Nenhuma exibição do mesmo gênero terá talvez jamais excitado tanto a atenção pública como a do Jogador de Xadrez de Maelzel. Em toda parte onde ele se apresentou, foi, para todas as pessoas que raciocinam, objeto de intensa curiosidade. Contudo, a questão do modus operandi (Modo de operar), ainda não se acha resolvida. Nada foi escrito acerca desse assunto que possa ser considerado como decisivo. Com efeito, encontramos em todo lado homens dotados do gênio da mecânica, de perspicácia geral muito grande e discernimento raro, que não hesitam em declarar que o autômato em questão é uma pura máquina, cujos movimentos não têm qualquer relação com as ações humanas, e que é consequentemente, sem qualquer comparação, a mais espantosa de todas as invenções humanas. E tal conclusão, digamos, seria irrefutável se a suposição que a precede fosse justa e plausível. Se adotarmos tal hipótese, será realmente absurdo comparar ao Jogador de Xadrez qualquer outro indivíduo análogo, quer dos tempos antigos, quer dos tempos modernos. No entanto, existiram de fato autômatos, e deveras surpreendentes. Nas cartas de Brewster sobre a magia natural encontramos uma das listas mais notáveis.
O Jogador de Xadrez de Maelzel – Edgar Allan Poe
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