Um farfalhar de folhas acordou-me um pouco antes do amanhecer. Um vento quente lançava seu bafo pela janela do quarto. Levantei-me, fechei a janela e deitei-me na cama e fiquei ouvindo o vento.
Depois de um certo tempo, ele acabou e me levantei e tornei a abrir a janela. Um ar frio, cheirando a oceano puro e a West Los Angeles ligeiramente gasta, entrou no apartamento. Voltei para a cama e dormi até ser acordado, de manhã, pelos meus gaios.
Eu os chamo de meus. Havia cinco ou seis deles revezandose no bombardeio de mergulho do peitoril da janela, depois retirando-se para o pé de magnólia no vizinho.
Fui até a cozinha, abri uma lata de amendoins e atirei um punhado pela janela. Os gaios mergulharam no quintal do prédio de apartamentos. Vesti alguma coisa e desci pelas escadas externas com o resto da lata da amendoins.
Era uma bela manhã de setembro. As bordas do céu tinham um tom amarelado, como papel barato que escurecia à luz do sol. Naquele momento, não havia vento algum, mas eu sentia o cheiro do deserto e sentia o seu calor.
O Homem Subterrâneo – Ross MacDonald
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