Billy é um menino diferente: sua sexualidade sempre incluiu o gosto pelo masculino e o feminino e todo o espectro entre os dois gêneros. Um dos protagonistas mais atormentados e apaixonantes de John Irving, Billy cresce ciente de que as diferenças – sexuais, de opinião ou de raça, pouco importam – são tão definidoras quanto as semelhanças. Nascido e criado em uma pequena cidade dos Estados Unidos, Billy sabe que seu desejo sexual pode chocar a conservadora sociedade local. Ainda assim, ele viveria ao longo de sua vida aventuras que lhe abririam a mente para o sexo e o amor. A começar pela misteriosa bibliotecária Srta. Frost, por quem nutria uma forte paixão. “Nós somos formados pelo que desejamos”, diz no primeiro parágrafo de Em uma só pessoa, do norte-americano John Irving. Os anseios sexuais de Billy ultrapassaram os limites de gênero. Além da Srta. Frost, Billy também deseja Jacques Kittredge, o belo campeão de luta livre de sua escola. Antes disso, ele já se fascinava com o avô, Harry Marshall, que fazia parte de um grupo de teatro amador local e costumava interpretar com propriedade os papéis femininos. Em uma só pessoa também reflete o cenário social norte-americano que tenta lidar com a “questão” homossexual: a discriminação em todos os seus matizes, da moral à violência física, que persiste da infância do personagem até os dias de hoje, com Billy já na meia-idade. A AIDS e o impacto da epidemia no meio homossexual no qual a doença expôs, por meio de suas chagas visíveis e mortais, aqueles que também ocultavam sua orientação. No romance de John Irving, as nascidas mulheres são fracas, inofensivas, loucas e controladoras. As melhores e mais poderosas expressões do feminino estão justamente transcendidas, alojadas em corpos masculinos. Uma amostra da capacidade do ser humano de ir além do aparato biológico, de amar de todas as formas e em todas as suas formas.
Em uma só pessoa – John Irving
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