“Ciência, de acordo com a sabedoria vigente, constitui a exata antítese de mito. Como disse Albert Einstein, em uma expressão que se tornou famosa, ela lida com ‘o que existe’ supostamente, portanto, mito tem a ver com ‘o que não existe’. Acontece, no entanto, que a questão não é assim tão simples. Em primeiro lugar, ocorre que a ciência não se refere pura e simplesmente ao ‘que existe’: mesmo no caso da Física – seu ramo mais preciso e sua disciplina de base –, ela se refere, no fim das contas, não à natureza como tal, mas à resposta, da parte da natureza, às estratégias dos físicos experimentais, o que se trata totalmente de outra coisa. Obviamente, isso não era compreendido nos tempos newtonianos − e até hoje raramente é admitido em nossas escolas e universidades porém, é a própria física, na forma da teoria quântica, quem desqualifica nossa visão costumeira do que é que a física traz à luz. Gostemos ou não, a Física não lida simplesmente com ‘o que existe’, mas, enfim, com aquilo que John Wheeler chama de ‘universo participativo’. Existe uma brecha, por conseguinte, entre o que a própria Ciência afirma e o que geralmente se acredita ser a cosmovisão científica em suma, a suposta cosmovisão científica se revela, no frigir dos ovos, ser ela mesma um mito”.
Ciência e Mito – Wolfgang Smith
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