O lado memorialista do poeta de setes faces em nova edição.
Segundo volume das lembranças poéticas de Carlos Drummond de Andrade, este livro é parte do grande empreendimento memorialístico realizado pelo poeta mineiro que se inicia em 1968, com a publicação de Boitempo e A falta que ama, seguido de Menino antigo, em 1973, e Esquecer para lembrar, de 1979.
A aparente simplicidade dos poemas encobre o alcance das memórias do poeta mineiro: quando fala de Itabira, Drummond rememora mais do que o próprio passado, dando a conhecer a herança escravagista de Minas Gerais e do Brasil. Quando conta sua estadia no colégio Friburgo, explora também sua relação com a religião. Seus anos de “mocidade solta” narram uma Belo Horizonte que é progresso e periferia, como nota o poeta, entre espanto e melancolia: “Aqui ninguém bate palmas. Toca-se campainha.”