BAGAGEM, primeiro livro de Adélia Prado, mostra em suas páginas o talento que faria da escritora uma das mais aclamadas poetisas da literatura brasileira, com um estilo que contrasta a leveza das palavras com a força dos sentimentos. Os poemas, no entanto, percorreram longo caminho antes que pudessem ser apreciados pelo público. Mesmo escrevendo sonetos desde os 14 anos, a severa autocrítica da autora afastou os leitores desses textos repletos de entusiasmo e descoberta pela criação literária. “Tudo que eu escrevi até Bagagem não tem nenhum valor literário. São coisas que têm importância para mim, afetiva, de um bom tempo de minha vida”, explica. Publicado originalmente em 1976, BAGAGEM foi lido e recebido com empolgação por Carlos Drummond de Andrade, um dos entusiastas da obra de Adélia e que indicou sua publicação. O livro traz textos repletos de emoções que, para a autora, são inseparáveis da criação, ainda que nascidas, muitas vezes, do sofrimento. O sentido de religiosidade também está presente em grande parte dos poemas, retratando parte da realidade da vida no interior do Brasil. Muitas vezes, Adélia opta por expor conflitos entre o sagrado e o profano, observados a partir de coisas simples da natureza ou até mesmo da leitura de um texto religioso. Os poemas de BAGAGEM nasceram de um período em que Adélia escrevia incessantemente. “Os poemas praticamente irromperam, apareceram cargas e sobrecargas de poemas. Eu escrevia muito nesse período”, confessa a autora. Apesar de muitos e variados, abordando temas tão diversos quanto o amor carnal, o amor divino, a vocação do poeta, as cores e as dores da vida, os textos possuem uma unidade, uma fala peculiar. “Entre outros títulos que me ocorreram, Bagagem era o que resumia, para mim, aquilo que não posso deixar ou esquecer em casa. A própria poesia”, finaliza Adélia.poe
Bagagem – Adélia Prado
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