Publicado originalmente em 1969 e esgotado há quase 20 anos no Brasil, A Mulher do Tenente Francês é o romance clássico que deu origem ao filme homônimo estrelado por Meryl Streep em 1981. Neste que é seu livro mais importante, o autor britânico John Fowles conta uma história escandalosa para os padrões e regras rígidos da Inglaterra vitoriana do século XIX.
Sarah Woodruff é a mulher à qual o título se refere. Acostumada a vagar sem rumo pela costa de uma cidadezinha portuária, ela é considerada louca por alguns moradores do local. Já entre outros, ela é mal-falada, pois foi abandonada por um tenente francês que a desonrara, prometendo-lhe voltar. Sarah, em suas caminhadas, parece ainda ter esperança de que seu amado irá reaparecer.
Todo este mistério que envolve Sarah conquista Charles, um nobre vitoriano que, de passagem pela cidadezinha ao lado de sua noiva, encanta-se com a enigmática figura da mulher abandonada. A partir daí, surge uma trama intensa recheada de paixão, loucura e perda.
Porém, A Mulher do Tenente Francês talvez não tivesse tanto prestígio se, paralelamente a esta história, Fowles não houvesse estruturado sua forma de contá-la a partir de comentários sobre o comportamento dos personagens, intervenções críticas em meio ao enredo e de um leque de opções que levam o romance a diferentes destinos finais. Quebrando a estrutura narrativa clássica, ele consegue transformar o papel do narrador, que já não é mais uma voz neutra, mas também comanda sua história e faz parte dela.