”A Janela do quarto ao lado tinha muitas promessas de vista agradável. A mesma vivia coberta por duas portinholas de madeira, sempre unidas, exceto nos rápidos momentos em que Condor separava a dupla, na intenção de deixar a casa. Mal as asas gigantescas do pássaro atravessavam a Janela e as portinholas voltavam a se unir, como gemias siamesas, inseparáveis, tampando qualquer visão que ligasse o mundo de Quiri-Quiri ao mundo proibido para aqueles que já não sabiam voar.
Se a Janela do quarto ao lado estivesse aberta, a avezinha não precisaria de muito para assistir as pinturas vivas que se escondiam atrás das portinholas. Não havia necessidade de abandonar o ninho. Se aquela janela estivesse aberta, bastaria esticar a cabeça um pouco para a esquerda e então, através do corredor sem portas que ligava ambos os quartos, a rapineira conseguiria ver o que havia lá fora.”