O intelectual palestino Edward W. Said é conhecido por livros como Orientalismo e Cultura e imperialismo, em que analisa com originalidade e brilhantismo questões geopolíticas e culturais da atualidade. Nesses ensaios, Said reflete sobre a maneira como o imaginário ocidental vê (e age sobre) o Oriente. Em Fora do lugar, escrito durante a tentativa do autor de vencer o câncer – que o levaria à morte em 2003 -, o autor muda o foco de atenção para sua própria trajetória pessoal, que se confunde em grande parte com a do povo palestino. Nascido em 1935 em Jerusalém – de onde partiu com a família quando da criação do Estado de Israel -, Said viveu no Egito, no Líbano e nos Estados Unidos, sentindo-se sempre “fora do lugar”. À condição apátrida comum a todos os palestinos acrescentou-se, em seu caso, uma condição familiar peculiar. Seu pai, que lutou na Primeira Guerra no exército dos Estados Unidos, era cidadão norte-americano nascido em Jerusalém. Por conta disso, Said sempre estudou em escolas inglesas e norte-americanas, tendo sido alfabetizado em árabe e em inglês. Nesse relato autobiográfico, Edward W. Said narra o doloroso processo de construção de sua identidade, tendo como pano de fundo os eventos traumáticos que convulsionaram o Oriente Médio na segunda metade do século XX: a queda da Palestina, a ditadura Nasser, os conflitos árabe-israelenses, a Guerra Civil do Líbano. Em Fora do lugar, a memória se confunde com a história do povo palestino: biografia pessoal e história coletiva se entrelaçam num relato de valor documental, ensaístico e literário.
Fora do lugar – Edward W. Said
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