Contra as Heresias – Irineu de Liao

Quão comum é ouvir alguém dizer: “Sou espiritual, não religioso”. Uma afirmação muito gnóstica. Basta olhar as prateleiras religiosas da livraria local para ver que o gnosticismo, a antiga heresia e inimiga do cristianismo, está viva no mundo moderno. Lá você encontraria um pingo de espiritualidade, com tópicos sobre “Nova Era”, transcendentalismo, astrologia, reencarnação e maneiras de obter um “conhecimento secreto”. Cultos e sistemas de crenças para obter conhecimento secreto, ou gnose , eram toda a raiva de volta no segundo século também. Seitas gnósticas estavam em concorrência direta com a nascente Igreja Cristã. Foi em meio à ameaça do gnosticismo que talvez tenha surgido o maior Pai da Igreja do século II, o chamado “Santo Irineu”.Irineu nasceu em 130 DC em Esmirna (atual Turquia) e morreu em 202 DC em Lyon, na França, onde se tornara bispo. Na juventude, Irineu era discípulo de Policarpo, que foi martirizado em 155 dC, mas que havia sido discípulo do apóstolo João Evangelista. Assim, a estreita ligação histórica de Irineu com João empresta uma credibilidade apostólica e peso distintos a todos os seus escritos. Seu maior trabalho é o enorme conjunto de cinco volumes de livros Adversus Haereses,ou Contra as heresias, livros estes que apresentamos aqui em um só volume. Temos aqui uma refutação das doutrinas do gnosticismo. Além de sua proximidade com João e os Pais Apostólicos, os escritos de Irineu são todos completamente universais. Os movimentos gnósticos heréticos levaram Irineu a desenvolver a teologia da Igreja e a cristologia, ou um entendimento de exatamente quem é Cristo. Irineu desenvolveu a idéia da necessidade de uma expiação e redenção corporais através da humanidade sagrada de Jesus. Para entender isso melhor, devemos primeiro olhar para os falsos ensinamentos do gnosticismo.As seitas gnósticas enfatizavam um conhecimento secreto, pseudo-místico, que tinha que ser adquirido para a salvação, e geralmente reservado apenas para os poucos que eram considerados espiritualmente dignos. Como tal, o gnosticismo tornou-se associado ao elitismo. A maioria dos mitos gnósticos, baseando-se fortemente na filosofia pagã grega, ensinava que as coisas do mundo eram criadas por um semi-deus perverso, Demiurgo, e, portanto, o mal. O universo material maligno está então em desacordo com a bondade do Criador Supremo e o mundo espiritual. O gnosticismo desceu para uma forma de dualismo, onde o corpo e toda a matéria são maus, e tudo o que é espiritual é bom. O mundo, e tudo o que está nele, deve ser rejeitado. O homem é visto como uma centelha do Deus espiritual, mas aprisionado no mundo material do mal e aprisionado no corpo.Isso está em contradição direta com os ensinamentos do cristianismo. O homem não é simplesmente um ser espiritual, que descarta o corpo na morte. O homem é um ser composto de corpo e alma. No livro de Gênesis, Deus chama toda a criação de “boa” e, mais tarde, no sexto dia, quando Deus cria o homem, ele o chama de “muito bom”. sua negação da bondade do mundo material. Irineu lutou vigorosamente contra essas heresias. (Escriba de Cristo)