Como esmagar o fascismo – Leon Trotsky

Como esmagar o fascismo Leon Trotsky

“É certo que a social-democracia preparou, com a sua política, o florescimento do fascismo, mas é certo também que o fascismo supõe uma ameaça mortal primeiramente para a própria social-democracia” ― Leon Trotsky “Falam muito bem de nós, bolcheviques. Muitas vezes tem-se vontade de dizer: que nos elogiassem um pouco menos, e penetrassem um pouco mais na tática dos bolcheviques, estudassem-na melhor!” ― Vladimir Lenin É possível que nenhuma outra compilação de textos de Leon Trotsky esteja tão atual e pertinente à conjuntura brasileira quanto o que é apresentado em Como esmagar o fascismo. O Brasil vive um momento delicado que provoca e desafia aqueles que lutaram contra a ditadura militar e que vivem sob uma democracia, imperfeita como a democracia liberal sempre é, há meros 30 anos. Poucos imaginavam que voltaríamos a exclamar “fascistas!” em tão pouco tempo e com tanta intensidade. Todavia, o próprio conceito de fascismo entra em disputa na era da pós-verdade e diante da despolitização da ultra-política brasileira em que, tanto a baixa quanto a alta intelectualidade da nova direita, abusam de distorções e fake news. Quando é necessário explicar que o nazismo não era de esquerda e que, por mais que a imagem aqueça corações de militantes de esquerda todas as noites, não há ameaça comunista iminente no Brasil, também é necessário explicar o que é o fascismo. Mais que isso, é necessário desenvolver as táticas apropriadas para derrotá-lo de vez, não apenas permiti-lo hibernar. Os textos compilados neste livro apresentam várias lições e balanços que são úteis para compreender o passado, mobilizar o presente e modificar o futuro. Trotsky trata desde a definição de fascismo até a compreensão de que não há luta antifascista sem um esforço nítido de aproximação da pequena burguesia do proletariado. Este, por si só, é um enorme desafio quando o fascismo se edifica na construção de um inimigo interno, por via da moralidade conservadora, como é o caso hoje. Com uma crise econômica e política que desloca a classe média para cada vez mais longe dos anseios da classe trabalhadora e que captura trabalhadores para um projeto contraditório ao seu interesse de classe, o que fazer? Ao examinar a Alemanha sob o olhar de Trotsky vemos que a situação brasileira diante do flerte fascista não é uma jabuticaba, mas parte das táticas de dominação implementadas há décadas no intuito de desarmar e desanimar qualquer articulação de esquerda, seja reformista ou revolucionária, ou somente progressista. O contexto do crescimento do fascismo europeu não era tão diferente do nosso momento atual. Havia a relação da desconfiança da classe trabalhadora com o KPD que mobilizou milhões de operários a favor da social-democracia alemã. Essa fragilização, sob profunda crise econômica, enfraqueceu o governo Mueller e sua governabilidade. Ao mesmo tempo em que alguns se rebelaram em torno de um projeto comunista, o nazismo cresceu como a maior força política da época. O resto da história conhecemos bem, mas a perspectiva de Trotsky ainda se faz útil por apontar as falhas de organização e politização que permitiram tamanho levante fascista. As traduções aqui apresentadas, algumas delas inéditas em língua portuguesa, nos oferecem um material valioso para analisar a nossa própria conjuntura e traçar um plano estratégico contra o fascismo e de retomada da luta da classe trabalhadora. Luta que, por ser da maioria da sociedade, contempla uma variedade de sujeitos políticos que precisam se unir e se articular. É dever evitar essa repetição da história recente do Brasil e do mundo como farsa e é dever ter ousadia. Nas palavras de Trotsky, para esmagar o fascismo é necessário que a oposição compreenda que mesmo sob condições desfavoráveis, “toda corrente cresce com o aumento de suas tarefas. Compreendê-las claramente é preencher uma das mais importantes condições de vitória”. ― Sabrina Fernandes, marxista, doutora em Sociologia e professora da UnB

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