Pureza – Jose Lins do Rego

Pureza Jose Lins do Rego

Quando concluiu o Ciclo da cana-de-açúcar, com o livro que é considerado sua obra-prima (Fogo Morto), José Lins do Rego tinha um mundo inteiro de possibilidades para abordar nas suas narrativas. Se afastando um pouco dos engenhos e da vida complexa e ambígua dos personagens que permearam essas narrativas, ele apontou sua caneta para uma paisagem mais bucólica e melancólica, características que batem com a personalidade de Lourenço de Melo, o personagem central de Pureza, o primeiro romance do autor depois que encerrou o seu Ciclo mais famoso. Pureza é o nome do vilarejo onde Lourenço, também conhecido como Lola, vai morar. Lola é um homem tomado pela paranoia e pelo medo: ainda pequeno perdeu a mãe para a tuberculose, e logo em seguida a irmã, que sempre foi franzina. Após crescer sempre muito protegido pelo pai, e com pouco acesso a vida real e seus problemas, acaba perdendo a figura paterna também. Decidido que seu destino é a morte, assim como todos ao seu redor, ele se isola no interior para esperar pelo seu destino em paz, vivendo um dia de cada vez e se isolando dos perigos externos. Quando finalmente se estabelece em Pureza, Lola conhece a família do Seu Antônio, chefe da ferrovia que estava sendo construída na região. Desejando amor e contato físico mais do que tudo, ele estabelece relacionamentos com as filhas, Margarida e Maria Paula. O livro explora o sexo, e as dificuldades de Lourenço em conseguir se abrir, no espectro físico e emocional. Com uma personalidade tímida e introspectiva, ele não consegue se livrar da sombra da doença que acometeu a mãe e a irmã, sendo que seu romance com as irmãs é um grande catalisador para sua jornada de autodescoberta, que vem acompanhada com uma espécie de redenção por meio do amor. Considerado um ponto de virada na literatura de José Lins do Rego, Pureza é um livro imersivo e com uma visão sentimental da existência, ainda que esse viés seja sempre pautado pela forma melancólica que Lola leva em sua vida. Complexa no que se propõe, característica que permeia todas as obras de Zé Lins, o romance foi adaptado para o cinema em 1940 e foi dirigido por Eduardo Chianca e estrelado por Procópio Ferreira e Sarah Nobre, disponível no Youtube.

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