Conteúdo fracionado da Nova antologia do conto russo – uma seleção; conto nº 19.Autor de contos, novelas, romances, peças e crítica literária, Ievguêni Ivânovitch Zamiátin (1884-1937) tornou-se famoso mundialmente pelo seu romance distópico Nós, publicado inicialmente em inglês, em 1924. Seus ensaios e palestras sobre a literatura russa são fundamentais para um entendimento da posição da arte na cultura pós-revolucionária. Em sua defesa da ambiguidade, Zamiátin foi vital para grupos artísticos como os Серапио́новы бра́тья (Irmãos Serapionovi, que ficaram conhecidos aqui como Irmãos Serapião). Ele dizia que a arte deve ser feita por loucos, hereges, visionários, postura que lhe valeu ataques contínuos de setores proletários e da ortodoxia partidária, e que conduziu por fim a seu exílio. Como boa parte dos artistas do período, Zamiátin justapôs em sua ficção tempos históricos distintos, analogias primitivistas e um tom geral apocalíptico, em linguagem experimental repleta de metáforas e imagens chocantes. A caverna, um de seus melhores contos, publicado na ressaca da devastadora experiência da guerra civil, presta tributo à Petrogrado arruinada. Escrito em 1920, foi publicado pela primeira vez na revista Zapiski Metchtatelei (Notas de Sonhadores), número 5, em Moscou, em 1922. No mesmo ano foi republicado na revista Golos Rossii (A Voz da Rússia), de Berlim, e, dois anos depois, na Literatúrnaia Rossiia (Rússia Literária), de Moscou. (Bruno Barretto Gomide)
A Caverna (1920) – Ievguêni Zamiátin
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