Alice através do espelho foi publicada seis anos depois do primeiro livro. Esta história evidencia o Lewis Carroll matemático, uma vez que é construída dentro das regras do jogo de xadrez. As personagens agem exatamente como peças numa partida: capturam peões e cavalos, dão o xeque-mate. Neste mundo, dividido em quadrantes como um tabuleiro, delimitados por riachos e outros obstáculos, as personagens-peças brancas e vermelhas não esperavam encontrar a menina Alice, que, sem muito entender das particularidades deste universo, em onze capítulos realiza os onze movimentos até vencer a partida, ou seja, tornar-se rainha. Mas há muito mais nesta saga do que cumprir o objetivo final. Alice é confrontada com a ideia de que tudo tem dois lados e o inverso não é, necessariamente, o contrário do verso. Além das deliciosas brincadeiras de linguagem típicas de Carroll, o autor não poupou talento ao criar poemas-canções que permeiam a história, um desafio e tanto que o tradutor Alexandre Barbosa de Souza encarou com maestria, incluindo o mais famoso de todos, “Jabberwocky”, traduzido por ele como “Jaberuco”. A mineira Rosângela Rennó se apropriou de frames de filmes e de algumas das célebres ilustrações de John Tenniel para recriá-los com um efeito de distorção produzido pela interferência de uma lente ao refotografar as imagens. O resultado é uma perspectiva “através da lente” e uma multiplicidade de Alices.
Alice Através do Espelho – Lewis Carroll
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