Certa manhã, pinta-se um quadro negro: uma palavra-caminhão, dessas que trafegam ameaçadoramente inclinadas, carregada de letras garrafais, atropela um ponto numa esquina de frases e foge sem ser identificada. Enfurecida, a pontuação se revolta e o quadro político e social de Ponto Alegre se desequilibra. No desenrolar da trama, o Rei que não governa, o Regente com problemas de regência, a Rainha ambiciosa e traiçoeira e a Passiva — polícia secreta do Estado — terão de enfrentar os perigosos radicais Grego e Latino (do grupo terrorista Compostos Eruditos), uma igreja popular recém criada e o descontentamento generalizado que teve início com o atropelamento do pequeno ponto. Terceiro romance de Vitor Ramil, depois de Pequod (Artes e Ofícios, 1995) e Satolep (Cosac Naify, 2008), A primavera da pontuação transcorre no mundo da linguagem. Nele, o leitor entrará fascinado para confundir-se com os protagonistas da língua e acompanhar a lógica de suas ações. Ficção científica, farsa e romance pop convergem nessa obra divertida e inteligente, em que a erudição linguística ao mesmo tempo fabula, explica e provoca.
A Primavera da Pontuação – Vitor Ramil
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