John Fante (1909 -1983) foi um escritor rebelde dos mais influentes da literatura norte-americana de meados do século 20. Fez parte do boom de autores que vivenciaram a grande crise mas que, no período do entre-guerras, começaram a prosperar, disseminando suas linhas nas revistas que então proliferavam, emprestando seu talento ao cinema americano, também em fase crescente. Fante foi um dos pilares sobre os quais se ergueu o protótipo de personagens perdidos e marginais da América e influenciou as criações de Raymond Chandler, Dashiell Hammett, J. D. Salinger, entre outros.
No Brasil, John Fante foi primeiramente publicado no início da década de 80, dentro do quadro de flexibilização cultural pós-abertura política, quando os jovens que viveram os anos de chumbo ansiavam por figuras e personagens rebeldes. Agora, a L&PM Editores torna a colocar no mercado, em nova e atualizada tradução, Sonhos de Bunker Hill, a obra de maturidade de Fante, que ele escreveu em 1982, ditando o texto para a sua mulher, antes de morrer em decorrência de diabetes, no ano seguinte.
Em Sonhos de Bunker Hill, John Fante revisita o protagonista que apareceu no seu primeiro romance, Wait until spring, Bandini, de 1938. Em uma Los Angeles frenética, que vive a explosão de Hollywood, na década de 30, Arturo Bandini, um aspirante a escritor (alter ego de Fante) ganha a vida como auxiliar de garçom. Com 21 anos, dinheiro nenhum no bolso e uma ingenuidade típica do interior americano, tenta embrenhar-se entre os roteiristas, atores, produtores e agentes do mundo cinematográfico, em busca de um lugar ao sol. O acaso o golpeia: ora coloca-o frente a frente a personagens absurdos, ora macula vertiginosamente os sonhos do anti-herói. Trata-se, evidentemente, de uma obra com intensa carga autobiográfica.
O escritor Charles Bukowski tinha em Fante seu escritor preferido e sobre ele escreveu: “Finalmente aqui está um homem que não tem medo da emoção”.