Em 1869, a capital do império czarista, Petersburgo, na Rússia, vive dias politicamente convulsos. O escritor Fiódor Dostoiévski acaba de voltar de Dresden, na Alemanha (onde se refugiara para escapar dos credores), por conta da morte de seu enteado, ocorrida em circunstâncias estranhas. Dostoiévski não chega a tempo de assistir ao enterro, mas quer, ao menos, recuperar os papéis do rapaz.
A versão da polícia é de que ele se suicidou, mas uma lista de nomes encontrada em seu quarto levanta a suspeita de que estaria envolvido com grupos anarquistas. Na obsessão de saber a verdade, desvendando a vida dupla do rapaz, Dostoiévski, então com 48 anos, vai se enredar numa teia perigosa.
Perseguido pela polícia, acometido de suas notórias crises de epilepsia, ao mesmo tempo que excitado com um tórrido e inesperado romance, ele se deixa arrastar para os antros e becos de Petersburgo. Ali, se vê confrontado com o anarquista Serguei Nietcháiev, de 22 anos, que passaria à história como a encarnação nefasta do terrorismo político.
Na vida real, Nietcháiev sofreu processo criminal por ter assassinado um estudante e o caso inspirou Dostoiévski para escrever Os demônios. Teriam os dois se encontrado no outono de 1869, nos subsolos da capital czarista, e discutido sobre os fantasmas de cada um? Essa possibilidade é desenvolvida por J.M. Coetzee em O mestre de Petersburgo, explorando com excepcional maestria narrativa a área cinzenta entre a verdade e a ficção. O livro foi publicado pela primeira vez no Brasil pela editora Best Seller com o título de Dostoiévski, o mestre de São Petersburgo.