Depois de se tornar mundialmente famoso com os livros “É isto um homem?” (1947) e “A trégua” (1963), nos quais denunciava as atrocidades que viveu nos campos de concentração nazistas, Primo Levi surpreendeu seus leitores ao publicar, em 1966, o volume de contos intitulado Histórias Naturais.
Sob o pseudônimo de Damiano Malabaila, o escritor italiano passava da literatura testemunho para o campo da ficção e do conto fantástico, rompendo o pacto autobiográfico dos dois primeiros livros.
Em 1971, Levi lançou – dessa vez, sem recorrer ao pseudônimo – nova coletânea de contos, que desenvolviam alguns temas do volume anterior. Vício de Forma veio confirmá-lo como um dos principais escritores da segunda metade do século XX, além de reforçar o aspecto mais propriamente ficcional de sua obra.
Finalmente, em 1981, Levi publicou seu terceiro livro de contos, Lilith, dessa vez, entremeando narrativas fantásticas e relatos autobiográficos, como se quisesse reiterar que as duas coisas andavam juntas e se complementavam. De fato, o sobrevivente de Auschwitz usa a imaginação para sondar as perspectivas deste mundo: a possibilidade de um colapso ambiental, a mercantilização total da vida, a mistura entre corpo e máquina, a emergência da realidade virtual, a indistinção entre o humano e não-humano.
71 Contos de Primo Levi, faz parte da coleção que já publicou coletâneas de Rubem Fonseca, F. Scott Fitzgerald e Isaac B. Singer, além de uma compilação de contos fantásticos, organizados por Ítalo Calvino.